segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

... Morrer pela pátria

         E viver sem razão!

Quantas vezes me pego observando as pessoas, analisando possíveis problemas e alegrias, descobrindo tristezas e até ouvindo conversas alheias, juntando peças de quebra-cabeças que não fazem parte de mim.
Não tenho nada com a vida dos outros, mas quando estou em um metrô lotado, torcendo para não me atrasar e lutando para respirar, fico imaginando quantas pessoas que estão ali comigo são capazes de matar, quantos segredos obscuros cercam aquele senhor de aparência triste ou aquele casal meio emburrado. Cada um tem seus próprios problemas e conflitos e nós usamos uma maquiagem social, diariamente, são sorrisos falsos ou gestos incompatíveis com nossos sentimentos. Os monstros que nos cercam não nos permitem mostrar a dor e até quando estamos em estado de plena alegria tememos que outros saibam e façam algo.
Todo ser humano tem sus próprias mazelas e todos sabem disso, mas é incrível a capacidade que alguns tem de se achar 'superiores' como se levassem um rei na barriga, pura bobagem. Já me importei demais desprezando essas pessoas.
Trabalho no Centro de SP e no meio de tantos moradores de rua, cada um com sua própria história, vejo pessoas que se acham tão melhores, ao ponto de os olhar como seres que precisam ser dedetizados. Lógico que dá medo, existem pessoas ali que são capazes de fazer algum mal em busca de dinheiro para comida ou drogas, mas vejo muito engravatado fazendo o mesmo, vejo um senado inteiro que precisa ser desinfectado e todos sabem e embora todos queiram a mudanças, poucos pensam sobre ela e alguns tentam fazer sua parte.
Vivemos em meio a uma ditadura aberta, onde nos habituamos a usar nosso livre acesso e comunicação para coisas banais, sem imposição governamental, apenas aprendemos que podemos compartilhar soluções que não colocamos em prática, que podemos descer lenha no governo sem prestar atenção nas eleições. Temos as armas e as munições, bastava o primeiro tiro, mas como julgar o governo que reflete seu povo?
Os jornalistas já foram taxados de bactérias, criticando um sistema da qual dependem para viver, mas isso não pode mudar? Quando escolhi minha profissão, não o fiz para ser mais uma remando a favor da maré e nem me dispus a formar uma revolução, mas quero ser alguém que possa refletir um governo digno e um país em que a riqueza seja utilizada de forma inteligente. Mas enquanto o orgulho de  um carro na garagem falar mais alto do que a sede por justiça, nada teremos.
Seja a mudança que exige. Entenda que todo ser humano é igual, o que muda são nossas escolhas e nada nos faz melhor que um bom caráter.